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Entrevista Engenheiro Ambiental- Marcell Philippe

Projeto Na Vida Real Tem:
São Mais de 12,6 Milhões de Mortes por Ano 
Causadas Pela Falta da Conscientização Ambiental


Em novembro de 2015 o rompimento da barragem de rejeitos de minério em Mariana-MG, no subdistrito de Bento Rodrigues, causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. Os rejeitos da barragem de fundão (como era chamada a barragem), atingiu a bacia do Rio Doce, que no total, abrange 230 municípios que utilizam o seu leito como subsistência. Na época os ambientalistas acreditavam ser incerta a possibilidade de se recuperar o rio. Segundo o biólogo e ecólogo André Ruschi, os rejeitos só começarão a ser eliminados do mar em cem anos, no mínimo.

Em janeiro (25) de 2019 o rompimento de barragem em Brumadinho foi o maior acidente de trabalho no Brasil, em se tratando de perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século. E foi um dos maiores desastres ambientais da mineração do país (depois do rompimento de barragem em Mariana). O rompimento da barragem liberou cerca de doze milhões de metros cúbicos de rejeitos. Segundo especialistas, os metais que iriam sedimentar, seriam incorporados ao solo e aos fundos dos rios, impactando todo o ecossistema. Os desastres seriam menores que o rompimento de  anos atrás, mas ainda seria grande.

Ainda em 2019, no mês de outubro, o Brasil foi mais uma vez palco de um desastre ambiental. Dessa vez um  vazamento de óleo; um derrame de petróleo cru que atingiu mais de 2 mil quilômetros do litoral das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Um relatório realizado pela Marinha do Brasil estimou que mais de mil toneladas de óleo haviam sido retiradas das praias nordestinas. E o Ministério Público Federal (MPF), classificou como sendo o maior desastre ambiental já registrado no litoral brasileiro.

Mas, esses desastres não são exclusividade brasileira. Segundo a ONU, no mundo, cerca de 12,6 milhões morrem, anualmente, em decorrência da poluição. E isso não é uma grande tragedia?

Quando estes três desastres ocorreram no aqui no Brasil, personalidades do mundo dos famosos compadecidos pela causa ambiental se manifestaram nas mídias sociais e deram vida a movimentos voluntários incentivando a cooperação da sociedade, despertando a empatia social. O que faz parecer que a preocupação com o meio ambiente se dá apenas no período de comoção após um desastre ou, pior ainda, que a consciência ambiental é apenas prestar ajuda quando algo desastroso acontece. Já que após o período de comoção as bandeiras da salvação são recolhidas.

Vejamos o que o Engenheiro Sanitarista e Ambiental, especialista em perícia, auditoria e análise ambiental,  Marcell Philippe, tem a dizer sobre o assunto.


 
Marcell, porque escolheu essa formação?
Na época do ensino médio, eu queria algo ligado ao meio ambiente e também a área de exatas. Então vi o curso de Engenharia Ambiental e resolvi adentrar neste mundo.

O que você pensa sobre a política mundial de meio ambiente?
A visão de meio ambiente, em preocupar-se com os impactos acarretados é relativamente nova. Contudo, vemos um avanço fantástico em políticas voltadas para o mesmo, principalmente a nível mundial, ligado às questões climáticas. Cada país procura adotar o meio ambiente, acredito que dá melhor maneira possível, mas ainda temos muito a melhorar.

Como profissional da área, você considera que as pessoas têm a devida conscientização ambiental?
Consciência ambiental todos temos sim, porém o que falta, na maioria das pessoas, é a ação que ela deixou de fazer para atenuar ou mitigar um provável impacto no meio ambiente. Jogar um papelzinho na rua por achar não ter importância é um grande exemplo.

Na sua opinião, o governo é omisso com a questão ambiental?
Em partes sim. Infelizmente, por experiência, a questão política ainda é muito influenciadora em decisões, inclusive ligadas ao meio ambiente. Mas temos várias legislações ambientais vigentes de grande valia para a preservação do meio, como o Código Florestal; Política Nacional de Resíduos sólidos, Lei da Mata Atlântica, dentre outras.

Tem alguma dica de conscientização que poderia dar para as pessoas?
A principal dica é parar de se comparar com os outros: se ele faz, porque eu não? Tirar da cabeça pensamentos do tipo: é só um papelzinho na rua, não fará mal algum. Infelizmente as pessoas só aprendem na marra, quando “interfere no bolso” e/ou quando acontece alguma catástrofe envolvendo acidentes naturais, por exemplo, como quedas de árvores e/ou enchentes. Vamos começar a pensarmos em atitudes de precaução e não de recuperação. Vamos tomar atitudes como: jogar papel no lixo; tomar banhos menos demorados; não jogar óleo de cozinha na pia; não jogar pilhas e baterias junto com o lixo comum, dentre outras. Vamos procurar pesquisar em ações em prol do meio ambiente, ensinando aos nossos pequenos, para que estes possam ter um “mundo” para desfrutarem.

Finalizando, tem algo sobre o tema ‘meio ambiente’ que você gostaria que as pessoas soubessem?
Cada um é responsável por suas ações. Uma frase que nós, profissionais, escutamos com grande frequência é: “fulano faz eu também posso fazer ou ainda, fulano faz desse jeito então vou fazer igual”. Não! Tá errado. Cada um é responsável por aquilo que almeja e, consequentemente, responsável pelas ações que farão para a conquista do objetivo. Mas porque eu tô falando de objetivos se o foco é meio ambiente? Simples, tudo, digo, tudo que fazemos está ligado, mesmo que de uma forma indireta, ao meio ambiente. Você já acorda, bebe água e/ou toma banho; água esta que veio de um processo de tratamento físico, químico e/ou biológico, para que pudesse chegar em condições ótimas de manipulação. Você vai para o trabalho de carro: emissão de gases poluentes derivados de combustíveis fósseis. Então, eu tenho que ficar em casa sem fazer nada ? Claro que não! Apenas faça sua rotina de forma consciente. Haja hoje com racionamento, para que não falte para o próximo amanhã.

Por: Zaine Lourenço

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