Em 2015, depois de quase três anos no Chile e pouco antes de voltar ao Brasil, eu estava decidido que precisava fazer uma breve revisão da minha carreira. Resolvi que deveria contar essa história primeiro a mim mesmo, para reconhecer minha trajetória.

Como sintetizar tremenda experiência vivendo em outro país, absorvendo tantas novos conhecimentos? Em um momento da vida eu estava pesquisando tendências para uma empresa famosa globalmente; no outro lavava pratos em um restaurante fusion de comida peruana e japonesa no Chile.

Resumi em 8 páginas de um documento em PDF e criei um infográfico para dar suporte a essa história. Consegui - acho - resumir minhas "vidas passadas" no mercado de trabalho.

Se eu queria contar uma história de forma linear, eu precisava de uma linha temporal. Decidi contar tudo desde o início, que seria em 2007 quando comecei a faculdade de Publicidade e Propaganda. Eram pelo menos 8 anos de experiências comprimidos em uma linha temporal. Transformei a linha em círculo e quebrei a forma num arco. Faria mais sentido ainda se a medida do tempo fosse fidedigna visualmente, uma vez que eram muitos fragmentos de diferentes experiências espalhados que variavam de semanas a anos de trabalho, impactando de forma relevante minhas habilidades profissionais.

Cada bloquinho seria um mês da minha vida profissional, de 2007 a 2015. Pronto.

Mas e como categorizar os diferentes tipos de experiência que tive? Identifiquei pelo menos seis tipos diferentes de relação com o conhecimento. Eram elas: a universidade (meu primeiro contato com a Comunicação Social), redação e planejamento (ambos envolvendo muita escrita e capacidade de argumentação), design e artes (relacionado à criação de peças gráficas e contato com ferramentas de design), internet e social media (muito tempo de trabalho com o mundo digital, principalmente comunidades virtuais), pesquisa e inovação (não um trabalho, mas uma prática internalizada até hoje), eventos e produção (o dia a dia de fazer as coisas acontecerem), além de uma categoria chamada "outros" para tudo aquilo que não coubesse em uma categoria anterior. Fiz as contas e priorizei na lista aquelas atividades a que me dediquei mais tempo até aquele momento, as coisas nas quais eu tinha mais horas de vôo. Fiz questão de frisar minhas mudanças de cidade, elaborando um contexto socio-cultural para o leitor. Em toda essa etapa do processo de design foquei só na organização da arquitetura da informação para o infográfico.

No momento de dar cara ao projeto eu brinquei um pouco com os elementos gráficos. Os números de cada ano iam crescendo com o tempo. Uma paleta cromática ia "esquentando" conforme o tempo passava nessa história que eu estava contando, e tentava ajudar o leitor a se situar no mapa, designando cada cor para um momento diferente no tempo e na minha carreira. Isso ficou melhor explicado depois, nas páginas auxiliares do documento em PDF. 

Percebi que cada categoria precisava se diferenciar uma da outra, por isso coloquei tudo numa escala de tons de cinza pra não confundir com a escala cromática do infográfico. Busquei por ícones no Noun Project que pudessem sintetizar cada categoria, de forma bem abstrata (o ícone que referencia design, por exemplo, é um exemplo da fita de Moebius, bastante usada por M.C. Escher). Também testei alguns layouts diferentes.

O mais importante: durante todo o processo eu compartilhava com a minha rede de amigos todas as alterações significativas que fazia para então recolher feedback de vários amigos e amigas designers do meu círculo social, até chegar nesta última versão. Demorei cerca de duas semanas para chegar num resultado satisfatório, o que acho razoável para alguém que não se considera designer visual. O mais importante pra mim foi aprender de forma autodidata (e com a ajuda de amigos) a resolver problemas de organização visual usando uns poucos conhecimentos prévios da teoria do design, além de poder contar minha trajetória profissional de uma forma mais interessante.

O trabalho final em PDF está disponível logo abaixo, com link para o Slideshare, para quem quiser ver na íntegra.