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REPORTAGEM: URBEX - EXPLORAÇÃO URBANA

URBEX - EXPLORAÇÃO URBANA
Urbex é um termo utilizado para denominar o ato da exploração urbana. Os adeptos ao movimento procuram registrar através da fotografia lugares abandonados que resistem ao tempo e às transformações urbanas, como fábricas, galpões e lugares históricos não preservados.
Na cidade de São Paulo, um coletivo chamado “Urbex.SP” desempenha esse papel. A reportagem do Diretriz conversou com seus representantes para saber mais sobre o conceito. 

O coletivo
Yana Chang, 26 anos, conheceu o movimento pela internet. No ano passado resolveu explorar com seus irmãos uma fábrica abandonada perto da rodovia Raposo Tavares. Para divulgar o trabalho fotográfico, criaram uma conta no Instagram e também contaram com a ajuda de amigos interessados no projeto. 
O trabalho do coletivo aborda uma reflexão crítica. “O abandono se destaca no meio das coisas funcionais da cidade. Enxergamos o abandono como algo que saiu do circuito produtivo do cenário marginal”, explica Yana. 

Enio Vital, 28 anos, destaca a ausência de uma função social do ambiente que acaba por instigar as ações e o olhar do explorador urbano. “Temos um prédio abandonado na Paulista. E a gente não sabe, é uma incógnita. 20, 30 andares na Paulista sem funcionar. Por quê? Será que ele paga IPTU? Será que ele é só para especulação imobiliária? Tem diversos tipos de coisas que a gente pode entrar e trazer um pouco de reflexão.”

Desobediência e Terrorismo poético
Utilizar a arte como ferramenta de choque, de atração. O Urbex.SP aproveita da fotografia para chamar a atenção de quem está alheio ao seu redor. “Provocar algum tipo de mudança, reflexão, a partir de um mecanismo que não é nocivo, que não é hostil”, afirma Yana. 

“O abandono se destaca
 no meio das coisas funcionais da cidade.”

A desobediência é elemento importante no trabalho de divulgação dos ambientes e na formação do debate. Na maioria das vezes, o local a ser visitado é uma propriedade privada e há algum tipo de resistência ao trabalho fotográfico. “Seria um tipo de desobediência se você entrar em um espaço que você não é convidado, proibido, para revelar um pouco dele para as pessoas que não têm acesso a isso.”
O terrorismo poético pode ser definido como o uso da arte de forma subversiva, geralmente retratando temas ou tabus que geram conflitos na sociedade. Para o coletivo, funciona como um mecanismo que deixa sempre o debate em aberto. Nunca se  limitar a palavras ou conceitos que delimitam o projeto. 

Explorando o abandono
A escolha do local é simples. Pode ser algo encontrado ao caminhar pela cidade, através de amigos ou pela internet. O importante é ser algo que atraia a atenção do explorador. Também existe uma pesquisa prévia do lugar escolhido. Procurar por rotas, entradas e analisar a questão da segurança própria e do local. 

“O que a gente encara no geral é difícil. 
A exceção é ser fácil.”

O desafio de entrar em um espaço abandonado é diverso. Em alguns casos, é necessário pedir autorização. Em outros, é necessário apenas encontrar uma forma de entrar. “Às vezes você tem que pular um muro. Às vezes, um muro, uma árvore e outro muro... os caminhos são inúmeros”, relata Yana. 
Saber conversar com as pessoas, principalmente seguranças que podem estar rondando o local, ou com quem vive no entorno é de boa ajuda. Não há uma previsibilidade do que pode ocorrer e, portanto, todas as explorações são um trabalho árduo. “Todos são difíceis. Não tem mais difícil ou menos difícil. O que a gente encara no geral é difícil. A exceção é ser fácil. Não dá para quantificar”, afirma Enio. 
A reportagem do Diretriz resolveu entrar na onda da exploração urbana. O local escolhido foi a Vila Maria Zélia, uma vila operária de 1917 localizada no bairro do Belém, zona leste paulistana, e que hoje possui diversos casarões abandonados. Um ambiente perfeito para exploração.
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