Confiança é um sentimento que se deposita em alguém ou alguma coisa, e de onde se espera um retorno positivo. Assim acontece em diversos tipos de relações, o que não é diferente entre condôminos e síndicos.  É por meio de confiança e transparência que deve ser pautado o trabalho de gestão de um condomínio.

Corrupção, entretanto, não condiz em nada com essa transparência, tão necessária numa administração. Infelizmente, síndicos corruptos têm sido denunciados com uma frequência indesejada nos últimos tempos. Os casos interferem na imagem dos síndicos que atuam com retidão, dentro das leis e horando os compromissos firmados em seu mandato; e que são a maior parte da categoria.

O país vive um momento de instabilidade e descrença política, econômica e social. O alto índice de corrupção é o fator desencadeador de toda essa situação. Por isso, ser lesado dentro do próprio ambiente onde reside é ainda mais impactante. 

A taxa condominial, cobrada dos moradores, deve ser aplicada diretamente nas despesas do condomínio, como salários de funcionários e encargos sociais, consumo de água, energia, esgoto, limpeza, honorários de administradora, entre outros. Pagar essa cota em dia garante que o condomínio tenha suas áreas comuns preservadas e que a manutenção de suas dependências seja sempre bem realizada.

Entre as práticas irregulares cometidas pelos síndicos corruptos está o desvio de recurso condominial, utilizado em compras pessoais. Alguns foram descobertos fazendo compras com o cartão do condomínio nos mais inusitados tipos de estabelecimentos comerciais.

O superfaturamento de serviços é outra fraude apontada no esquema de corrupção nos condomínios. Para lucrar com a contratação de serviços executados nos empreendimentos, os síndicos, porteiros e até os zeladores exigem uma porcentagem sob o valor combinado, que chega, em alguns casos, a até 60%. 

As alterações nos preços dos serviços incluem ainda o levantamento de falsos orçamentos, muitas vezes de empresas pertencentes a um mesmo dono, para apresentar aos moradores como sendo legítimos. Essa prática de levar aos condôminos três orçamentos é comumente aplicada em condomínios, para que o de menor valor seja contratado. 

Mas será possível barrar de forma definitiva essa corrupção dentro dos condomínios? Infelizmente não. Porém, adotar algumas técnicas podem inibir esses gestores mal intencionados e amenizar o quadro. 

Uma gestão transparente é o primeiro passo para que o fantasma da corrupção seja afastado. Transparência deve ser entendida como algo que é permitido acompanhamento. No caso de um condomínio, é garantir ao morador o direito de conferir de perto e sempre que solicitar, todos os gastos com despesas condominiais. Também faz parte de um gerenciamento transparente a escolha de uma administradora que possua plataforma online que facilite ao condômino supervisionar todos os pagamentos.   

Essa transparência pode ser aplicada ainda no envio de prestação de contas mensal junto com o boleto. Outra maneira de agir de forma transparente é manter o condômino sempre informado sobre o que está sendo feito em seu empreendimento, para isso, ferramentas de comunicação como sites e informativos espalhados pelas diferentes áreas do condomínio podem ser eficientes. 

Condôminos participativos e conselho atuante são fundamentais nesse processo. Quando o morador vai às assembleias, todo o condomínio tende a seguir o que foi combinado. Mas, se as assembleias não contam com a presença dos condôminos, o mau gestor encontra brechas para agir corruptamente e sem ser observado.

O conselho que não se reúne com frequência também dá espaço para que uma gestão corrupta se instale no condomínio. O mesmo ocorre se os documentos referentes à administração condominial não são analisados com a devida atenção. Os integrantes do conselho devem conhecer os balancetes dos condomínios e também é necessário que sejam feitas atas das reuniões para conhecimento dos moradores. 

Constante vigilância e participação são grandes aliados na luta contra síndicos e funcionários corruptos e na implantação de uma gestão eficiente e praticada com o máximo de transparência possível.