Fernando Fiasco's profile

Reality for Dummies

Desde que o programa foi lançado, há mais de 20 anos, meu olhar sobre o Big Brother Brasil mudou do desprezo, preconceito, soberba e crítica ferrenha, passando por uma “curiosidade de transição” para agora, mais maduro e consciente, o interesse ávido e assiduidade diária. Só não cheguei ao ponto de acompanhar pelo pay-per-view, porque ainda mantenho os bons e velhos interesses de sempre, como ler, assistir os noticiários e acompanhar os canais de automobilismo, arquitetura, turismo e culinária.
Voltando aos confinamentos - nós aqui fora esperando a vacina e eles lá dentro esperando a prova do líder - desde o primeiro episódio do programa, a amostragem dos escolhidos nem sempre representou fielmente o universo da nossa sociedade. No início optavam por colírios aspiracionais: jovens beldades carnudas e boys sarados, todos anônimos. Depois tentaram algo mais heterogêneo e palpável, na intenção de gerar mais identificação com o público: um ou outro um tanto mais feio, mais pobre, mais ignorante e um ou outro mais velho. Versões que também se mostraram falhas, favorecendo os desfavorecidos justamente por sua condição precária, o que comovia a audiência que “presenteava” os coitadinhos com um novo começo de vida.
Na tentativa de triarem amostras um pouco mais alinhadas com a realidade externa, foram afinando elencos e elegendo, ano após ano, alguns perfis esperados, outros nem tanto, ao posto de novos sub-milionários. Desde então, é muito interessante observar como a dinâmica do jogo, somada ao carisma do participante vencedor e aos valores vigentes de cada época, deram a vitória a figuras com perfis tão distintos. Do búfalo acéfalo Kleber BamBam, o caipra safo Dhomini, a pobre babá traída Cida, o príapo héterotop Diego Alemão, o lutador bad boy Marcelo Dourado, a enfermeira banguela Mara Viana, o deputado cuspidor Jean Willys, até a médica muda e sem sal Thelma Assis, cada um deles é o retrato 3x4 dos anseios do povo brasileiro naquele momento.
Este ano repetiram, em grande parte, a fórmula do ano passado, de misturar anônimos com sub-celebridades, especialmente do meio digital, para compor o pleito. Só que desta vez, na edição 21, pesaram um pouco a mão homogeneizando as “minorias oprimidas” representadas e lideradas pela estilosa, talentosa e pedante Karol Conká que, uma vez expulsa com recorde absoluto de rejeição, fez com que seu rabanho hipócrita perdesse o chão e tivesse que repensar rápido sua estratégia de jogo. Porque afinal de contas opinião e posicionamento, como tudo na vida, tem seu preço. 

E pra essa turma, 1 milhão e meio é mais do que suficiente.
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